22 abril, 2008

Sem Porque

Sem Porque*


Eu te amo tanto
Que eu nem queria amar
Porque com esse amor
Vem a saudade
Vem a dor te esperar
E vem a ansiedade
De ter você ao lado
Pra sorrir ou pra chorar


Eu te amo tanto
Que eu queria até negar
Que com esse amor
Vem as lágrimas
Que me fazem te esperar
Que faz-me lhe contemplar
Implorar ao tempo um instante
Para contigo sonhar


Eu te amo tanto
Que eu nem queria saber
Se é amor... ou se é querer
Porque amor não se pede
Não se escolhe, não se julga
Não se impede...
E contra ele não se luta


Eu te amo tanto
Que eu queria esquecer
Que pra viver sem você
Teria que me apagar
Teria que renascer
Porque nem enquanto durmo
Eu me esqueço de você
Porque se eu vivo hoje
É pra querer te querer


Eu te amo tanto
Que até me nego a negar
Que com toda essa saudade
Vem também felicidade
De que eu posso te encontrar

E com a ansiedade
Vem toda convicção
De saber que nada é vão 

E poder te abraçar
É como poder voar...
É sonho


Eu te amo tanto
Que eu nem queria dizer
Porque é tanto quanto falo
Tanto quanto penso
Tanto quanto canto
Que eu te amo sem cessar
E é muito...
Tão muito em si mesmo
Que as vezes não sei se irei agüentar


Eu te amo tanto
Que eu nem queria amar
Porque no fundo se sabe
Que amor não tem muito ou pouco
Nem menos ou mais
Nem tanto, nem quanto
Não tem limite e nem medida
Não tem hora
Não tem tempo


O que me faz te amar tanto
Muito, mais e maior
É saber que esse “que” é indescritível
E é saber que eu só te amo
Porque sem porque é melhor


Milene Szilagyi
2008-04-21

Quando meus olhos se fecharam

Quando meus olhos se fecharam*


Vejo uma luz cegar-me a alma
Volumosa e carregada
Faz-me prostrar diante de ti
Tamanha é a força que me conduz
É o fogo...
Que com traços incertos
Devora o céu e os rios
Não existe sol
Não há luar nem brisa no ar
Não há arvores ou cachoeiras
Vejo nuvens negras me cercarem
E a neblina mórbida conduzir-me
Vejo as chamas adiante
Montanhas que escorrem lavas
Sinto o fogo arrancando-me a pele
Sinto a lava corroer os pés
O céu negro parece estar a um palmo acima de mim
Não há vida, não há luz
Não há doces ou remédios
Meu coração chora
Faz frio agora
O vento muda-me os passos
Vejo um infinito deserto gelado
Meus lábios tremem
O vento fortemente sopra
Cegando-me os olhos
Sinto a neve cobrir-me de desespero
O frio rasga-me a carne
Destruindo os ossos
Sinto congelar os pulmões
O ar frio sufoca-me a respiração
Não há coração batendo
Não há sentimento
E meus olhos não voltam a abrir

Milene Szilagyi

2008-02

Rios de Dores

Rios de Dores*

A luz lá atrás

As trevas aos meus pés

Tudo se calou

E eu pude ouvir

A voz da noite

Mansa e nua

E eu pude caminhar

Por entre os rios de dores

Sentir as espinhas rasgar-me

Tudo tão só e tão devastador

Não há rastros de misericórdia

Milene Szilagyi

2008-02-17