26 setembro, 2010

As Horas

As Horas*


Quanto mais eu fujo, mais me perco
E quanto mais olho para trás, mais fico ferido
Quanto mais penso, mais rápido eu corro
E quanto mais sinto, mais regrido


E quando os sonhos não são mais os mesmos
É quando eu quero voltar a adormecer
E quando as horas não parecem suficientes
É quando tenho a certeza do que fazer


Se não houvesse fronteiras, seria fácil demais
Se não existissem lutas, a vitória não teria sabor
Mas já não quero vencer, nem entender
Só quero evitar desespero, culpa e dor


O que me falta é a coragem de agir
É um egoísmo ríspido e insensato
Que não me deixa intervir, nem refluir
E isto não estava no contrato


MiLi Szilagyi


22/09/2010

07 setembro, 2010

Visões

Visões*

Eu me vi correndo na escuridão, com as mãos estendidas para um estranho de costas. Quando o alcancei e o virei, ele não tinha face e desabava no chão, então uma fenda se abriu abaixo de meus pés, e a terra começou a me engolir. Me vi caindo no nada e afundando num mar gelado e negro. Não havia luz, mas eu podia ver minhas mãos estendidas para cima, queria subir... mas só afundava, na dor, na escuridão, no vazio, na solidão... Fechei meus olhos e senti minhas costas tocarem o solo, quando os abri estava no meio do nada, tudo o que eu via era uma grande extensão de folhas secas no chão e o céu negro acima de mim. Mais uma vez avistei um estranho ao longe. Levantei-me e comecei a correr atrás dele, mas cada passo que eu dava me dilacerava, era como se as folhas fossem laminas que perfuravam a sola de meus pés, cada passo era longo e dolorido. Eu o via mas não o podia alcançar. Olhei para trás e vi meu rastro de sangue e ao voltar a olhar para frente esbarrei de frente com o estranho, não conseguia ficar em pé, mas ele me segurou e logo me beijou a boca. Mais uma vez não pude ver seu rosto, e antes que eu percebesse, ele me deu as costas e desapareceu entre a névoa. O vento se fez presente e as folhas secas se foram, me vi em um cemitério de ossos. Uma dor rasgava o meu peito querendo subir pela minha garganta num brado de desespero. O céu se tornou vermelho e me engoliu para cima, me senti acolhida e confortável. Eu via rosas vermelhas por um campo verde e com um alto contraste, a visão era infinita e eu comecei a caminhar em direção a uma luz que vinha do chão e iluminava tudo em volta, percebi que quanto mais perto eu chegava, a luz ia se apagando e as flores ao redor murchando... Quando enfim eu consigo alcançá-la, já não havia mais luz e as flores haviam morrido. Vi um coração humano em forma física posto ao chão. O segurei com as duas mãos, estava frio e negro, ao olhá-lo vi a vida se passando diante de mim. Vi as pessoas queridas, vi minha família, e cada rosto que foi importante pra mim, vi meu trabalho e meu dinheiro, vi meus sorrisos, minhas lamentações, vi minha ansiedade, minhas lagrimas, vi o tempo desperdiçado em sonhos, vi meus valores, vi minhas vaidades, as crenças, as incertezas, vi o perigo, a desordem, a paz distante, vi abraços verdadeiros, sorrisos falsos. Não vi um par perfeito, nem duas pessoas se tornando uma só.

Delirio Social

Delirio Social*

Eu não vou te julgar por não saber viver
Mas eu posso te ensinar a aprender
Se desprenda das tolices que te fizeram crer
Seja livre, saiba como caminhar
Sim, há forças em você para quebrar
Essas cordas que por elas te manipulam
Não se deixe enganar
Só porque parece perfeito acreditar
Que tudo é lindo ou tudo lindo ficara
No começo é assim mesmo
Você não quer questionar
Te ensinam, a cultura quer dominar
Mas você tem voz, e é livre pra pensar
Raciocine, se te ama, mal não vai lhe desejar

12/08/2010

Perfeição

Perfeição*

as pessoas falam. e fartam. e gelam. e selam. humilham. e imploram. contudo desaparecem. esquecem. e vivem. ou fingem. e na dor buscam amor. e no amor a perfeição. e na perfeição a ilusão. e na ilusão decepção. lagrimas. ombros. verdades. discordia. orgulho. sorriso. mentira. desconforto. aconchego. companhia. compreensao. perfeição. ilusão.

Milene Szilagyi
2010-07-06

06 julho, 2010

Natural

Natural*

Às vezes da vontade de sumir
As respostas não vêm à mente
A vida não me deixa encontrá-las
É como se os erros fossem permanentes
Os gritos um alívio
E os sorrisos perdas recentes
Não sei bem o que digo
Mas nem quero saber
Não sou eu que aqui escrevo
Eu não tenho esse poder
Às vezes da vontade de subir
Ir mais longe do que eu posso ver
Arriscar-se subitamente no que parece melhor
Não que eu saiba o que é
Mas eu sinto que pode melhorar
Às vezes eu não sei bem onde buscar
Palavras novas para falar
Mas eu vejo um sorriso
Ou um simples réptil numa fotografia
Parece exótico
Mas é normal aqui
A mente se acostuma com o “diferente”
E se incomoda com o “natural”
No fundo nada se difere
No fundo acaba sendo superficial

Milene Szilagyi

2010-07-06

25 junho, 2010

Solidão do Mar

Solidão do Mar*

Eu caminho por esta praia solitária
Olhando pra trás e vendo meus passos se apagarem
É como se o vento quisesse me dizer algo
Eu olho para o céu e imagino a imensidão do azul
Eu sinto a brisa me tocar e não tem como negar
Cada detalhe me lembra o nosso amor
É como se eu não soubesse dizer
O porque de tudo isso
Mas eu sei que não precisa haver sentido para amar
Afinal chega a ser contraditório
Eu sei que é precioso demais
Cada segundo vivido a seu lado
Passou ou ao menos deveria
Pois na minha mente nada mais habita
Se não o seu sorriso e seus braços abertos para me abraçar
É como se eu tivesse me perdido sem você aqui do lado
Parece tudo tão distante
E eu posso ver você correr
Vindo em minha direção
Mas parece nunca chegar
Estou alucinando, já enlouqueci com esse amor
E às vezes eu quero que aja uma resposta
E às vezes eu não quero que tenha sentido
Eu sinto o seu perfume e as recordações me rasgam os olhos
Cada lagrima é um peso
Cada sorriso é de inconformismo
Porque até ontem “eu” era “nós”
Vão dizer que estou indo longe demais
Mas o mar me chama para o fundo
E tudo o que eu penso é mergulhar
A profundidade não pode ser maior que essa solidão
Quem sabe eu possa te encontrar
É como se eu soubesse tudo o que irei encontrar
La no fundo eu quero te olhar
Por isso eu quero afundar
Ter seu beijo quente novamente
E seu sorriso que me desmorona
Eu amo esses pensamentos
E beijo essas águas salgadas agora
Imaginando um momento melhor
Em breve suas mãos nas minhas
E adeus solidão.

Milene Szilagyi

2010-06-25

24 junho, 2010

Olhe Para Trás

Olhe Para Trás*

Se tudo que dissemos for verdade
Já não haveria motivos pra esperança existir
Mas eu não penso em outras coisas
Se não estar em seus braços novamente
E no fundo eu sei que você também pensa em mim
Depois de tantos momentos
Não me deixe simplesmente partir
Eu preciso de um abraço quente
Eu não sei mais que rumo seguir
Eu não sei mais pra quem devo sorrir
Tudo seria mais fácil
Se as mentes se abrissem
Se encararmos de frente os problemas
E nos importássemos mais
Eu não vou deixar que futilidades nos atinjam
Eu não posso simplesmente dar as costas
Eu não quero mais errar
Nós precisamos seguir juntos
Vamos até o final
Só olhe pra trás uma vez
E veja em meus olhos o que você quer acreditar
Eu consigo sentir daqui
O seu calor e suas lagrimas frias
E nisso eu me baseio pra afirmar
Nossos passos têm que seguir a mesma estrada
Então olhe para trás só dessa vez
E me leve com você.

Milene Szilagyi

2010-06-24

Faça Valer

Faça Valer*

Há dores que sao desnecessarias
Há tedios que vem sem perceber
Quando vc volta no tempo e tenta refazer na mente
Algo bom ou nao, lembrar ou nao...
Só quero dessa vez poder nao sofrer
Poder nao te ver distante
Quero poder nao te entristecer
Nao te ver assim tao longe
Pensando em mim...
Nao pense em mim
Diga que nao viu nada
Ou que nao sabe sobre mim
Nem quer saber...
Nao corra atras de mim
Nao me faça te prender

Só nao podemos voltar atras
Só nao podemos pensar demais
E querer se arriscar
E querer conquistar mais

E consequencias vem...
Demorem ou nao
Sejam boas ou nao
Só que faça valher...
Faça acontecer.

Milene Szilagyi

08/06/2008

Quando as Coisas Mudam

Quando as Coisas Mudam*


Nao sei o que anda se passando pela sua cabeça.

Coisas simples tem se tornado furacoes.

Sinto dizer que as vezes isso parece uma fuga.

Uma desculpa para estar longe de mim.

Tantas falhas dele que eu finjo nao enxergar.

Porque sei que sou capaz de suportar.

Pra que dores que podem ser esquecidas.

Pra que feridas que podem se fechar.

Quando o conheci era mais forte que eu.

Hoje sinto que sou mais forte que ele.

Eu nao consigo olhar pra frente e me imaginar sozinha.

Nem olhar pra tras e nao o ver.

Porque os meus passos seguem sua sombra.

Mas agora voce prefere se afastar a sofrer.

Quem eu vou amar daqui pra frente?

Se voce nao estiver comigo?

Em quem eu vou pensar o dia todo?

Pra quem vou enviar mensagens lindas de amor?

Com quem me sentirei protegida?

Ele é meu anjo e eu nao posso desistir.

Minhas lagrimas escorrem nesse momento

Porque eu nao consigo pensar em um fim.

Eu lutei pra nada?

Toda fé e confiança que ele plantou em meu coraçao.

Floriu pra morrer agora?

Nao quero que nossos momentos sejam jogados ao vento.

Como se nao tivessem sido vivenciados.

Eu quero evoluir, quero seguir até o fim.

O que esta o desanimando nao sou eu.

Tem algo errado, e nao sou eu.

Hoje sou muito melhor do que antes.

E como é que ele pode dizer tudo que diz?

Creio que o seu sentimento tenha mudado.

Pois seus argumentos nao batem com o sentimento que diz ter por mim.

Vale a pena sofrer pra ser feliz.

Ele me ensinou isso.

E espero que nao desista de nós.


Milene Szilagyi


02/09/2010

Ruas Estreitas

Ruas Estreitas*

Entre tantos desastres e confusoes as interpretações são como labirintos que arranham o coração.
Nas esquinas nao ha sequer um poste para que voce se apoie, no fundo é cada um por si e os erros por todos.
As ruas sao estreitas e as paredes parecem te arranhar, mas ha quem ja nao tenha sangue para sangrar.
As ruas sao estreitas mas um dia sozinho voce encontra um campo aberto e vera que era melhor viver na dor acompanhado.

Milene Szilagyi

23/06/2009

Sangrando

Sangrando*

Estou sangrando por dentro
sangrar faz a vida ser mais clara
Faz olharmos pra dentro
E vermos o quanto somos imperfeitos
Para so outros e para nós mesmos
E faz parecer que nao nos esforçamos
Para ser alguem melhor
Ou fazer algo mais util
Porque na verdade ninguem nos aceita
E ninguem nunca entende ninguem
Pois sempre ficam as duvidas
E cada um tem seus segredos
Cada um tem seu ego
E suas dadivas
Cada um tem seu "eu solidario"
Mas nao se esquecendo de si

Milene Szilagyi

26/02/2009